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Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
Professora, Mestre em Educação, Psicopedagoga, Especialista em Avaliação Educacional. Atualmente, ministra palestras sobre LEITURA E INTELIGÊNCIA, também escreve material de língua portuguesa EAD para o CCAA e para a EDUCOPÉDIA.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

“O Mundo de Sofia” ou “O Mundo de Mário”



Mário é colunista da Revista Dinâmica e filósofo do cotidiano. Ao meu comentário sobre sua vocação para a filosofia, Mário me responde em seu blog da REVISTA DINÂMICA e escreve: “Contei que eu buscava filósofos segundo Platão, pessoas que teriam condições de pensar e influenciar o mundo onde vivemos e viverem fiéis as suas perguntas.
Assim como Mário, o autor do livro best seller “O Mundo de Sofia”, Jostein Gaarder, busca justamente isso. Falar de filosofia de uma forma simples, de uma forma que todos os mortais possam entender e fazer filosofia também. A forma como conduz o romance filosófico tem o propósito de manter o leitor curioso, sob suspense do início ao fim. Esse propósito tem a ver com a questão da filosofia em si e que Gaarder expressa de forma muito feliz no trecho que transcrevo do livro:
“ Eu já disse que a capacidade de nos admirarmos com as coisas é a única coisa de que precisamos para nos tornarmos bons filósofos? Se não, então digo agora: A ÚNICA COISA DE QUE PRECISAMOS PARA NOS TORNARMOS BONS FILÓSOFOS É A CAPACIDADE DE NOS ADMIRARMOS COM AS COISAS.
Todo mundo sabe que os bebês possuem essa capacidade. Depois de alguns meses na barriga da mãe, eles são empurrados para uma realidade completamente diferente. Mas depois, quando crescem, parece que esta capacidade vai desaparecendo. Como se explica isto? Será que Sofia Amundsen é capaz de responder a esta pergunta? (...)
Ao que tudo indica, ao longo da nossa infância nós perdemos a capacidade de nos admirarmos com as coisas do mundo. Mas com isto perdemos uma coisa essencial – algo de que os filósofos querem nos lembrar. Pois em algum lugar dentro de nós, alguma coisa nos diz que a vida é um grande enigma. E já experimentamos isto, muito antes de aprendermos a pensar.
Para ser mais preciso: embora as questões filosóficas digam respeito a todas as pessoas, nem todas se tornam filósofos. Por diferentes motivos, a maioria delas é tão absorvida pelo cotidiano que a admiração pela vida acaba sendo completamente reprimida. (Elas se alojam bem no fundo do pêlo do coelho, fazem um ninho bem confortável e ficam lá embaixo pelo resto de suas vidas.)
Para as crianças, o mundo – e tudo o que há nele – é uma coisa nova; algo que desperta a admiração. Nem todos os adultos vêem a coisa dessa forma. A maioria deles vivencia o mundo como uma coisa absolutamente normal.
E precisamente neste ponto é que os filósofos constituem uma louvável exceção. Um filósofo nunca é capaz de se habituar completamente com este mundo. Para ele ou para ela o mundo continua a ter algo de incompreensível, algo até de enigmático, de secreto. Os filósofos e as crianças têm, portanto, uma importante característica comum. Podemos dizer que um filósofo permanece a sua vida toda tão receptivo e sensível às coisas quanto um bebê.
Vamos resumir: um coelho branco é tirado de dentro de uma cartola. E porque se trata de um coelho muito grande, este truque leva bilhões de anos para acontecer. Todas as crianças nascem bem na ponta dos finos pêlos do coelho. Por isso elas conseguem se encantar com a impossibilidade do número de mágica a que assistem. Mas conforme vão envelhecendo, elas vão se arrastando cada vez mais para o interior da pelagem do coelho. E ficam por lá. Lá embaixo é tão confortável que elas não ousam mais subir até a ponta dos finos pêlos, lá em cima. Só os filósofos têm ousadia para se lançar nesta jornada rumo aos limites da linguagem e da existência. Alguns deles não chegam a concluí-la, mas outros se agarram com força aos pêlos do coelho e berram para as pessoas que estão lá embaixo, no conforto da pelagem, enchendo a barriga de comida e bebida.”
É isso aí, Mário, mantenha-se sempre na ponta dos pelos do coelho.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

As madeixas de Martha Medeiros




Sou fã de carteirinha da Martha Medeiros e raramente não leio sua coluna aos domingos. Nesse domingo, ela falava justamente sobre isso, sobre sermos fãs incondicionais, mesmo desaprovando o comportamento de nosso ídolo. Ela, assim como eu, é fã de carteirinha da Amy Winehouse. Adooooro as músicas da Amy. Elas têm algo diferente das músicas que escutamos nas rádios diariamente.
Mas, não era de ídolos que pretendia falar. Na verdade, queria comentar a coluna da Martha de domingo passado quando ela escreveu sobre as madeixas das mulheres mais velhas, defendendo o uso dessas pelas balzaquianas e contrariando a máxima que ao envelhecer a mulher deve manter os cabelos mais curtos.
Outro dia, conversava justamente sobre isso com a minha irmã. Dizia à ela, que tem cabelos compridos, que achava ridículo mulher já cinquentona com cabelos longos... ao que ela, prontamente, discordou. Minha irmã tem cabelos compridos e já não é tão nova assim, embora tenha uma postura de menininha e corpinho de menininha. E aí, vem a Martha e escreve em defesa das longas madeixas. Foi inevitável uma reflexão.
Parei e lembrei-me de minha avó, que aos oitenta e tantos anos tinha o cabelo grisalho na altura da cintura. Lembro que ela, ao lavar os cabelos, pedia que alguém a ajudasse a penteá-los. Depois fazia uma longa trança que passava por cima da cabeça, como um arco, ou fazia um coque baixo com aqueles grampos enormes. Era linda. Por que era linda? Era linda porque o conjunto combinava. Não havia nada ali superficial. A estética era perfeita. Pele, corpo, rosto, cabelos em perfeita sintonia.
Hoje, tenho a impressão de que a estética muitas vezes é prejudicada.
Caminha uma mulher com corpo escultural num desses macacões de ginástica que cobrem todo o corpo e comprimem as gordurinhas daquelas não tão gordinhas, pelo calçadão. Cabelo escorrido, bem tratado, balançando pra lá e pra cá, andar firme. O garotão passa de bicicleta e, antes de arriscar um gracejo, resolve conferir, dando uma olhadela para trás, assim que passa pela gatinha. Gatinha????? Nooooossa!!!!!!! Ainda bem que não mexi com ela, pensa o rapaz, meio desequilibrado. A gatinha devia ter seus sessenta e tantos anos ...
Há pouco tempo a Suzana Vieira participou de uma novela usando cabelos loiros e longos escorridos. O que era aquilo? O cabelo era bonito, sem dúvida. Mas, mais falta de harmonia, impossível!!!!
Na verdade, aquilo que compromete, no meu ponto de vista, o uso do cabelo comprido nas mulheres mais velhas, não é bem o comprimento, e sim uma falta de uniformidade no conjunto. Falta sintonia. Corpo, rosto, roupas e cabelos devem estar em harmonia. Há sempre o argumento em prol de qualquer coisa que se faça sob o pretexto de que, se a pessoa se sente bem... isto é que importa. No entanto, bombardeados que somos pela mídia para que tenhamos uma aparência cada vez mais jovem e bela, receio que algumas pessoas, longe de se sentirem bem, cuidem de estar com a agenda em dia e aí, correndo atrás da juventude, se esquecem da beleza do conjunto, da estética, da harmonia. Conheço pessoas que já não são assim tão jovens e que são, por excelência, jovens em sua postura. Jovens na forma como lidam com o mundo. Geralmente, essas pessoas são harmoniosas. Não necessariamente elegantes ou em forma. Simplesmente harmoniosas. Harmoniosas e felizes. Possuem em seu íntimo um quê de segurança, de tranqüilidade, de harmonia que possibilita o envelhecer feliz.

CURSOS GRATUITOS CETEP

O Centro de Educação Tecnológica e Profissionalizante (Cetep) Mangueira abre a partir da próxima segunda-feira, 26 de janeiro, até sexta, dia 6 de fevereiro, inscrições para 7.483 vagas em 18 cursos gratuitos, sendo 11 na área de informática, 1 de matemática e 6 na de idiomas.

Nos dias 26, 27 e 28 os interessados podem se inscrever nos cursos de: informática I (Windows e Word/ 2.160 vagas), montagem e manutenção de microcomputadores (440) e montagem e configuração de micros (228).

Já nos dias 29 e 30 os cursos oferecidos são: informática II (Excel e PowerPoint/ 1.880 vagas), Access (210), redes e cabeamento (330), redes de computadores (270), criação de home page (300), computação gráfica (300), Visual Basic (120), web designer (60) e matemática (75).

Na semana de 2 à 6 de fevereiro estarão abertas as inscrições para os cursos de idiomas: língua portuguesa (275 vagas), produção de texto (175), revisão ortográfica (100), língua inglesa (primeiro módulo/ 375), língua espanhola (primeiro módulo/ 250) e conversação em língua espanhola (25).

http://www.faetec.rj.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=490:cetep-mangueira-abre-inscricoes-para-7483-vagas-em-cursos-de-informatica-e-idiomas&catid=12:noticias&Itemid=20

domingo, 25 de janeiro de 2009





Inscrições para Pós Latu Sensu: cursos gratuitosFaculdade de Letras . UFRJ

As inscrições serão realizadas de 09 a 13 de fevereiro de 2009, no horário das 10h30min às 15h30min, na sala F-309, Secretaria de Pós-Graduação, Faculdade de Letras,

Av. Horácio Macedo, 2.151 – Módulo Acadêmico III Cidade Universitária, Ilha do Fundão,

CEP 21941-590 Rio de Janeiro, RJ.

Literaturas Portuguesa e Africanas - 30 vagas

Literatura Espanhola Contemporânea - 20 vagas

Literaturas Hispano-americanas - 20 vagas

Língua Árabe - 20


vagashttp://www.letras.ufrj.br/posgraduacao/docs.htmhttp://www.letras.ufrj.br/posgraduacao/EDITALLatoSensu2009.htm

N.A.O. ( NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO)


Este texto é uma homenagem a esse momento histórico: N.A.O. 2009 No MSN um professor e uma amiga conversam sobre o Novo Acordo Ortográfico. - Eu ainda estou muito confusa... a única coisa que sei é que o trema caiu! escreve a mulher meio desanimada. - Pois é. Essa regra é mole! Estou estudando e pensando em elaborar uma apresentação, um PPS para poder ensinar aos meus alunos... essa reforma veio numa boa hora...integração dos países lusófonos....acho que vou montar um projeto!! Isso!!!!!! O professor, ansioso por novidades defende euforicamente a Reforma que irá unificar a língua Portuguesa. - Sim, acho que é uma boa idéia! Mas eu não aprovo esta mudança. Não acho que vá fazer diferença, em que a retirada do hífen ou do trema contribui para essa integração? Por que há só duas normas ortográficas vigentes em tantos países que falam o português???????? Só o Brasil transgrediu e criou a sua própria língua... Os outros países adotam a ortografia de Portugal.... e agora mudamos a nossa ortografia em prol de uma unificação ortográfica do português. Nós não falamos mais português. Falamos brasileiro!!!! Defende a mulher que não conseguia compreender os motivos que poderiam ter levado alguém a levar avante essa reforma. O amigo parece não ouvir os comentários da mulher e segue predestinado a fazer valer as novas regras. - Desculpe-me querida, mas ideia não tem mais acento... a mulher, desconcertada, perde o ritmo de seu pensamento. Logo ela que sempre foi tão dedicada a escrever corretamente se vê, agora sendo corrigida pelo amigo. Resolve assumir uma atitude de aluna bem comportada... - Jura??!?!?! Como? ideia não é mais acentuada?, que estranho...bem, vou anotar... i d e i a ... A mulher já meio sem saber o que dizer, lembra-se da música da Maysa: “Meu mundo caiu... e me fez fica assim...” Tinha um apego a correção que a sensação vivida era de desabamento. Já não era uma mulher jovem e lamentava, a essa altura, ter que aprender português novamente. Implacavelmente o homem continua sua aula: - Ideia é palavra paroxítona constituída por ditongo aberto ei, portanto, não tem mais acento. Assim como aquelas constituídas por ditongo aberto oi, como boia, apoio. A mulher, já meio irritada, escreve : S e i... e o homem, entusiasmado com as novas aprendizagens que fizera, continua: - Encaixa-se na regra das paroxítonas que possuem ditongos. Se você não se lembra uma palavra é paroxítona quando sua sílaba tônica é a penúltima ... Agora ele tinha ofendido os brios da amiga. Não que ele fizesse por mal. Apenas queria demonstrar sua sabedoria e ajudar a amiga a aprender as novas regras, certificando-se que ela entendera todos os conceitos. Tão absorto estava que lhe era impossível perceber que longe de ajudar a amiga, só despertara nela a raiva. Mas ele continuava a falar: - Não é o caso da palavra tônica, que é proparoxítona. Tanto a palavra tônica quanto a palavra proparoxítona são proparoxítonas, ou seja, a sílaba tônica é a antepenúltima. Todas as duas acentuadas. Continuam como antes, pois a regra das palavras proparoxítonas não foi alterada. Todas as proparoxítonas eram e continuam acentuadas. A mulher resolve apenas escrever: - uhun, uhun... e ele, alheio ao que acontece do outro lado da tela, continua: - Já não é o caso de boleia, geleia, joia e jiboia. Todas paroxítonas, antes acentuadas e agora sem acento!!!!!! Mas note bem! As palavras plateia, Coreia, joia, estreia, todas continuarão sendo pronunciadas da mesma forma. Mas lembre-se só a pronúncia é a mesma. Agora todas elas serão grafadas sem acento. Nessa altura a mulher já vermelha de raiva, resolve colocar um ponto final e escreve teclando vigorosamente: - Pára, por favor!!!!!!!!! Vamos falar de outra coisa...você leu o jornal hoje? Ao que o homem responde: - Para sem acento!!! É, agora para verbo se escreve da mesma forma que para preposição. - Tá bommmmmmm!!!!!!!! Para!!!!!!!! Sem acento!! Responde a mulher já pra lá de irritada. E o homem continua sua catedrática aula: - Também não se usa mais o acento no i e u tônicos quando precedidos por ditongo. Assim, cai o acento de feiura, bocaiuva e outras que não me lembro agora... - Tá bom!!!!! Para !!!!!!!!! sem acento!!!!!!!!!!Não quero mais falar das palavras paroxítonas, dos ditongos aberto e fechados... estou com náuseas. Ai meu Deus!!!!!!!!! Que enjôo! A mulher já hesitava em acentuar ou não as palavras. Essa sensação de insegurança frente a postura do amigo deixava-a sem chão. Seu mundo havia mesmo caído... mas seu amigo mais uma vez, parecia ignorá-la. Queria apenas proferir as regras, corrigir o mundo como que num exercício de magistério ortodoxo. - Que o quê????? - Que enjôo. - Desculpe-me mais uma vez , mas enjoo, não tem mais acento! Sim, enjoo. As palavras paroxítonas que contêm um o tônico oral fechado em hiato com a terminação o não são mais acentuadas, como voo, zoo, abençoo, magoo, perdoo, da mesma forma aquelas terminadas em eem, como creem, deem , veem. -.Enjoo, ok, estou com enjoo sem acento! ...nunca mais vou conseguir escrever português corretamente....  A mulher já desistira de tentar mudar de assunto... quando o amigo avisa: - Calma, nós temos tempo para essa adaptação. O Acordo ortográfico entrou em vigência a partir de janeiro de 2009, mas temos até 2012 para aprender a nova ortografia. Nossa, ele estava preocupado com ela. Havia escutado-a!!!! ela aproveitando para descontrair, tecla: - Temos?  uahuahuauhauhahuuhau.....pelo menos isso!!!!!!!!! Não, novamente?!?!?? Lá vem ele..ela não devia ter usado essa palavra... - Por falar em pelo, caiu o acento diferencial de péla/pela, pêlo/pelo, pêra/pêra, pólo/pólo, palavras homógrafas!!!! Então você vai escrever que o pelo do seu cachorrinho é branquinho. Que a pera está madura e que Jogou polo hoje pela manhã. No entanto, permanece o acento diferencial de pôde. Pôde é a forma do verbo poder na 3ª. Pessoa do sing. do pretérito perfeito do indicativo e pode é a forma do verbo poder na 3ª. Pessoa do presente do indicativo. Também permanece o acento diferencial de pôr/por ( pôr verbo, diferente de por preposição) - Ah! Também permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos. Por exemplo: Ele tem. Eles têm. - Eu não acredito!!!!!!!!!!! Isto tudo me parece antieducativo. Vou precisar fazer um enorme esforço de autoaprendizagem!!!!!!!! Um esforço sobre-humano!!!!! - Ihhhh... Parabéns você usou corretamente a regra. Usamos o hífen apenas.....e antes que o homem se dispusesse a proferir as novas regras ortográficas para o uso do hífen a mulher, rapidamente, tecla: - Que regra? Que hífen? Do que você está falando agora? Olha só, acho melhor ir andando. fuiiiiiiiiiiiiii!!!!!!!! O homem fica intrigado e pensando se a amiga estaria chateada com alguma coisa, e pensa consigo mesmo: - Puxa, nem pude explicar as regras de uso do hífen... Leila Mendes Em tempo: Repararam que os jornais já estão fazendo uso da nova ortografia?!?!? Saíram na frente !!!!! Dúvidas com a nova ortografia????? Entre no site http://ramonpage.com/ortografa , digite o seu texto que ele será corrigido segundo a nova ortografia!!!!!!!!

NEM NEGRO NEM BRANCO: MULTIRACIAL


No texto “O Balanço de Obama” o que está em discussão é a questão de nossa herança genética e cultural e a importância de se legitimar a cultura de grupos minoritários. Fui provocada pela frase de Jamie Foxx: “Você pode dizer que aquele era um presidente negro pela forma com que balançava.” Agora, minha amiga Fátima me provoca, me desequilibra, de um jeitinho que só ela sabe fazer. Diz ela, comentando meu texto:..."adoro as temáticas culturais e, mais ainda, quando reconhecemos que não há mais culturas puras." Ela está certa, certíssima! Por que insistimos em falar em negros e brancos? Indígenas e brancos? Pardos e brancos? O que queremos dizer? No questionário do IBGE temos que dizer qual a nossa raça: branca, preta, amarela, parda ou indígena. Nesta ordem. Porque insistimos em classificar as pessoas pela cor/raça? Uma vez li que negro é todo aquele que tem descendência africana. Assim, temos pardos que são negros e pretos que são negros. Da mesma forma temos pardos não negros, pois descendem de índios. Bem, onde quero chegar? Quero levantar uma reflexão sobre a importância da raça na constituição da identidade. Meus pais casaram-se jovens. Meu pai, filho de um português e de uma filha de alemães, foi criado pela irmã mais velha, pois, minha avó ficara viúva e precisava trabalhar para sustentar os filhos, todos brancos, traços europeus, mas longe de terem recebido a educação acadêmica, clássica, cresceram num subúrbio pobre, estudando quando muito até a quarta série primária, começando a trabalhar cedo para ajudar no sustento da família. No entanto, descendentes de europeus, herdaram modos de agir da cultura europeia ( sem acento pelo N.A.O.). Não falo da educação escolar nem das regras de etiqueta. Falo mesmo dos modos de agir e pensar que são passados para nós desde pequenininhos. Tantas coisas que aprendemos que não damos conta... aprendemos a comer de uma determinada maneira ou pelo menos aprendemos como sentar a mesa, como usar os talheres. Aprendemos que não devemos falar alto, aprendemos que devemos esperar a vez de falar. Aprendemos a narrar um fato com lógica, com início, meio e fim, aprendemos a ler em silêncio, etc. Minha mãe, filha de um filho de alemão com uma negra, foi criada no Centro de Belo Horizonte. A família de minha mãe era pobre, no entanto, tradicional. Preocupada com os bons modos, a boa educação, com os modos de vestir, o modo de falar, a tradicional família mineira estava sempre impecável ao sair à rua, preocupada com a moral e os bons costumes. A essa altura estarão se perguntando o que tem minha família com a raça e a identidade. Já explico. É bem simples. É que não consigo identificar hábitos da cultura negra na família de minha mãe, e só hoje depois de muito estudo, consigo perceber hábitos europeus na família de meu pai. Desta forma, quem sou eu? No questionário do IBGE teria que marcar que sou parda, pois nem sou branca, nem preta. Mas, segundo o texto que li, sou negra, pois descendo de africanos. Mas o que isso me diz? O que isso me fala de minha identidade? Sou brasileira! Não interessa se branca, preta, parda, amarela, ... A raça ou cor é irrelevante. Ou pelo menos se torna cada vez mais irrelevante na medida em que as raças puras estão acabando e, consequentemente, as culturas. Cada vez mais o nosso povo é resultado de uma miscigenação. Imagina então Obama com parentes nos cinco continentes! Por que sobressai nele a negritude?. É filho de mãe branca e pai negro. É tão negro quanto branco em suas raízes, na sua cultura... Mas vemos apenas a cor, e pela cor, julgamos e inferimos a cultura a que a pessoa pertence, transformando isso num instrumento de perpetuação do poder, de superioridade. Tolos aqueles que pensam serem superiores só porque pertencem a uma ou outra raça/cultura. Após o advento da Revolução Francesa somos todos iguais perante a lei. Só precisamos fazer valer. Obama fez!!! Dessa forma, interessa saber, conhecer nossas raízes sim, como viviam os negros, os índios e os europeus que vieram para cá, para fortalecermos a nossa identidade e não para dividir.

O BALANÇO DE OBAMA


Os jornais de hoje davam todas as informações sobre o discurso da posse do presidente negro dos Estados Unidos: as primeiras decisões tomadas e as cerimônias que participaram, quebrando protocolos. Mas não foi proferida pelo novo presidente a frase que me chamou atenção e sim pelo ator Jamie Foxx: “Você pode dizer que aquele era um presidente negro pela forma com que balançava.” A frase martelou minha cabeça durante todo o dia. Jamie delega à raça negra saber balançar os quadris! Ë isso o que ele diz e é isso o que me chamou atenção, pois que remete a questão genética/cultural. Será que todos os negros balançam os quadris? Será que nenhum branco sabe balançar os quadris? Será que nascemos sabendo balançar os quadris ou aprendemos a fazê-lo no seio de nossas famílias e grupos a que pertencemos? Se aprendemos, um branco pode aprender a balançar os quadris tão bem quanto um negro que fora criado num meio em que as pessoas fazem da dança uma rotina, desde que dance também todo dia. Da mesma forma, costumamos ouvir que está no sangue quando um jogador de futebol é bom. Esquecemos que muitos desses jogadores foram criados em meios desfavorecidos onde a única diversão era um pedaço de terra e uma bola de meia. Tá, já sei o que vão dizer...se fosse assim todo menino que joga futebol seria um profissional. É verdade, não é só isso que conta. O que estou dizendo é que o peso do ambiente, da cultura é muito grande, mas não é determinante. Para que o menino se torne um jogador profissional, outros fatores entram em jogo. Alguns dependem dele e outros não. Depende dele a forma como ele interage com os obstáculos que enfrenta e o quanto ele está determinado a investir para alcançar seu objetivo, mas também depende do fator sorte, oportunidade. Nem todos aqueles que jogam bola bem estão num time de futebol. Assim como nem todos que estão num time de futebol jogam bola bem. Mas voltando ao assunto cultura/genética, não que eu negue nossas raízes genéticas, mas vejo que, de modo geral as pessoas subestimam a questão cultural. Há vários provérbios que expressam esse pensamento: “Filho de peixe, peixinho é.” ou “Pau que nasce torto, morre torto.”. Precisamos investir na mudança, precisamos acreditar na força da educação. Somos muito mais aquilo que aprendemos do que aquilo que somos ao nascer. Trazemos uma herança genética, claro, e há muitas pesquisas em andamento sobre isso para eu arriscar um percentual. No entanto, percebo o quanto se pode mudar quando temos a oportunidade de sermos sensibilizados por outras linguagens, seja da música, da literatura, do teatro, das artes plásticas de nossa cultura ou de outras. Sensibilizamo-nos com uma música clássica, mas também com uma música contemporânea. A sensibilidade sim é uma herança biológica, mas àquilo que nos tornamos, como somos, como pensamos, como vemos o mundo tem um peso enorme da cultura a que pertencemos. No entanto, a declaração do ator é feliz porque traz à tona, independente desta discussão, as tradições de cada cultura. Diferentemente da cultura européia, notadamente da corte francesa, herdada pelos americanos, onde os homens e as mulheres seguiam protocolos rígidos de conduta, incluindo aí os modos de falar, se comportar e de se vestir, Obama e sua família trazem para os Estados Unidos a mistura de diferentes culturas, culturas essas diferentes da européia. Trazem para a Casa Branca a cultura das minorias, a cultura tida como inferior por anos a fio e que infelizmente ainda é vista desta forma por muitos, mas que de agora em diante tende a ser revista. Não existe cultura melhor ou pior. Existem culturas diferentes. Diferentes formas de ver e olhar o mundo, a vida. É preciso que os povos do ocidente percebam que têm muito o que aprender com os povos das outras culturas. Podem os brancos balançarem seus quadris como Obama!