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Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
Professora, Mestre em Educação, Psicopedagoga, Especialista em Avaliação Educacional. Atualmente, ministra palestras sobre LEITURA E INTELIGÊNCIA, também escreve material de língua portuguesa EAD para o CCAA e para a EDUCOPÉDIA.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

REVISTA DINÂMICA




A REVISTA DINÂMICA está selecionando novos colunistas para as colunas TECHNO + E DESCONSTRUINDO A ARTE.
Para participar envie um texto sobre o tema, informando a coluna a que concorre, nome, telefone e e-mail, para o endereço: contato@revistadinamica.com.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

OFICINA DE BLOCOS LÓGICOS



Desde 1930, com o advento da Educação Nova, que os educadores começaram a procurar conhecer materiais que pudessem, de alguma forma, contribuir para a aprendizagem significativa dos alunos. Cuisinaire, Material Dourado, Blocos Lógicos, entre outros, ficaram conhecidos dos educadores desde então.


Não há escola que não tenha pelo menos uma caixa de Blocos Lógicos. O que então, pode uma oficina de Blocos Lógicos trazer de novidade?

Todos sabemos da versatilidade do material, que possibilita o desenvolvimento de atividades que explorem as cores, formas, espessura e tamanho, além da construção tempo-espacial. Mas, nesta oficina, o objetivo vai além do trabalho descritivo dos atributos dos blocos. A pergunta que fazemos é: QUAL A ESTRUTURA DOS BLOCOS LÓGICOS? Este é o objetivo principal desta oficina.

Neste espaço você, professor, vai poder apreender a estrutura deste riquíssimo material de classificação. A partir desta aprendizagem, desenvolverá competências para, não só trabalhar com seus alunos atividades mais significativas que explorem a estrutura de classificação, como também criar outros jogos para explorar esta estrutura lógico-matemática, tão importante para a construção do conceito de número e para as nossas vidas.

Ministrante: Leila de Carvalho Mendes (Professora, Psicopedagoga, Mestre em Educação e Colunista da Revista Dinâmica)

- Certificado de participação
- Material de apoio
- Público alvo: profissionais da área de Educação Infantil e Ensino Fundamental
- Investimento: R$60,00
- Vagas: 16
- Local: Av. das Américas 4790 sala 401 – Centro Profissional Barrashopping
- Data: sábado – 28/03/2009
- Horário: 09:00 às 13:00H

Processo de inscrição para o Curso:

Favor confirmar a existência de vaga e fazer a reserva pelo telefone 3325-3320, antes de efetuar o depósito, que deverá ser realizado em agência bancária a ser informada.
As inscrições serão confirmadas somente mediante a comprovação prévia do pagamento (até uma semana antes da aula).
Para cada grupo de 3 (três) professores da mesma escola, haverá desconto de 10%.



Barra – email: lcmendess@gmail.com

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

CURSO - RELATÓRIOS: REGRAS DE PRODUÇÃO

Ao constatar algumas dificuldades quanto à produção de relatórios escolares, mais propriamente sobre aqueles que descrevem a evolução e o desenvolvimento das capacidades dos alunos observados em atividades de aula, organizou-se este curso.

Ministrante: Ondina Maria A. A. Santos (Professora, Arqueóloga, Psicopedagoga, Coordenadora de Grupos Operativos, Mestra em Educação – UFF, graduanda em Psicologia)

Objetivo:

Levar o profissional de educação a identificar e a empregar as formas convenientes de expressão escrita em relatórios, conforme sejam as demandas em seu ambiente de trabalho e/ou a quem se destine o relatório (público alvo).

Metodologia:

Ø Aprimoramento da Linguagem Escrita.
Ø MECA – Metodologia do caderno: técnica de organização e compilação de dados.
Ø Prática de exercícios, leitura, redação e estudo de caso.

Ementa:

São propostas inicialmente 10h de trabalho, divididas em 4 aulas de 2h30min:

1ª aula: 11/03

Apresentação
Uso de recursos:
- montagem do caderno de registros;
- esboço
- como resumir
- produção de texto

2ª aula: 18/03

Bilhetes e registros breves: síntese na escrita e vocabulário.
Regras básicas para produção de texto.
A ética de um relatório.
Modelos do grupo.
Exercício.
3ª aula: 25/03

Conversa sobre as dúvidas.
Redação de um relatório escolar feito em aula.
Estudo de caso.

4ª aula: 01/04

Avaliação dos recursos e da elaboração de um relatório.
Inferências da aprendizagem.

- Certificado de participação.
- Aulas às quartas-feiras, das 18h30 às 21h.
- Início: 11/03
- Inscrição: R$50,00 (mais duas parcelas de R$75,00).
- Vagas: 15
- Local: Av. das Américas, 4790 - sala 401 – Centro Profissional Barrashopping

Processo de inscrição para o Curso:

Favor confirmar a existência de vaga e fazer a reserva pelo telefone 3325-3320, antes de efetuar o depósito da inscrição, que deverá ser realizado em agência bancária a ser informada.
As inscrições serão confirmadas somente mediante a comprovação prévia do pagamento (até uma semana antes da 1ª aula).

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

NO CONSULTÓRIO


- Dotô... Ando me sentindo muito mal... meu corpo está cada vez mais seco, minha respiração é deficiente, sinto-me intoxicado... e minha temperatura oscila...uma hora parece que estão me queimando, depois sinto muito, muito frio, meus pelos já quase não existem e já passei por tantas plásticas que já nem me lembro mais como eu era...
- Mas Senhor, quando começou tudo isso? Pergunta o médico olhando por cima dos óculos rapidamente e retomando suas anotações...
- Não sei precisar não,... as coisas foram acontecendo... eu tinha água em abundância. Eram limpas e fresquinhas. Refrigeravam o meu corpo e eu sentia-me revigorado no dia seguinte... meus pelos também contribuíam bastante. Verdinhos, úmidos e espessos! Ah, como era bom!
- Vamos por partescom calma, senhor... o senhor precisa me contar tudo direitinho para que eu possa orientá-lo da melhor forma. O que aconteceu com os seus pelos. Como começaram a se tornar escassos?
- Ah, me pediram para raspar os pelos e no lugar deles mudar minha aparência. Prometeram-me que ficaria mais bonito... eu era verdinho. Verde claro, verde escuro, esverdeado, verde-avermelhado, verde-amarelado. É certo que, de quando em vez, os pelos de uma parte do corpo caíam, amarelavam, mas nasciam de novo... bem, ,mas aí eu cometi meu grande pecado. A vaidade. Acreditei que ficaria mais bonito... e até que fiquei... tenho motivo para orgulho. Vê aqui, dotô... bem aqui ( fala apontando para uma região ao sul de seu corpo. Aqui está uma das obras mais bonitas que fizeram...eu o chamo de “Cristo Redentor”. Mas há outras, dotô....(nesse momento esquece-se de sua doença e entusiasma-se ao mostrar o que para ele, é motivo de orgulho) O Sr. quer ver? Essa aqui, indo pra leste e subindo... a Torre de Eiffel... do outro lado do meu corpo, mais ou menos na mesma altura, a Estátua da Liberdade. Eeu poderia ficar a tarde toda aqui, dotô... aliás, teria que passar muito tempo mais... esse é um dos problemas. Não acho mais o que eu desejo no meu corpo... há tantas modificações... umas, motivo de orgulho, como lhe falei; outras, motivo de tristeza; e outras dotô, grandes feridas... incrustadas na minha memória, na minha história ...
Nesse momento, lágrimas insistem em rolar,rolar, formando uma pequena queda d’água, a contragosto do paciente, que se refaz rapidamente e continua:
- Por vezes, essas lembranças provocam grandes pesadelos que me sacodem todo e terminam por provocar mais desastres, mais misériaa. Todas essas modificações contribuíram também para que eu já não encontreo minhas veias, meu pelos, meu ar... (enquanto fala, vai se encolhendo na cadeira, murchando, murchando... parece secar.
- É grave, dotô?
Ar circunspecto, sobrancelhas levantadas, o médico anda até sua mesa, senta-se, aproxima a cadeira da mesa, apóia a cabeça em uma das mãos com dedo em riste no nariz e, enfim, se pronuncia:
- Senhor... preste atenção. Gostaria muito de ajudá-lo... seu problema vem todos de um só mal. O Sr. Está está desequilibrado. Essas modificações colocaram o seu corpo em desequilíbrio. Veja bem: nos seus pelos viviam algumas espécies de animais. Todas essas espécies eram importantes para o seu equilíbrio. Esses animais entraram em luta e venceu a espécie mais forte. Esses animais foram destruindo os outros animais e se multiplicando. Hoje você tem uma superpopulação que vive em desequilíbrio, sugando sua água, seus escassos pelos, seu ar, suas defesas... além disso, essa espécie inspira cuidados. Eles não medem esforços para ganhar uma espécie de papel. Tudo nessa sociedadezinha funciona para se ganhar papel. Assim, raspam seu pelos, matam os outros animais, entopem suas veias para retirada de matéria prima pararetirar pedaços de seu corpo para poder colocá-lo em outras construções, incrementam as indústrias em troco de mais papel que terminam por deixá-lo intoxicado e sem ar...Seu problema é grave...
- Mas dotô, e aí? O que posso fazer?
- Escute meu filho... vou medicá-lo... Você vai seguir minhas orientações por dez dias. Se isso não resolver, volte aqui e veremos o que ainda pode ser feito.
Primeiro dia: Preste atenção: junte todas as usas suas forças e sopre, sopre, sopre bem forte em toda sua parte líquida... isso ajudará a fazer uma limpeza em suas veias, seu corpo e a renovar seu ar...
- Mas dotô... e o que acontecerá com meu corpo? Ficará desconfigurado,... minhas obras....
- Escute... no segundo e terceiro dias, depois solte todos os gazes que tiver dentro de você.
- Mas dotô... isso abrirá feridas em minha pele não sem antes causar destruições e mortes.
- Por último, nos últimos sete dias, sacuda o seu corpo três vezes ao dia., durante uma semana.
- Mas dotô isso não será o fim??!?! Rio, 08/07/2008

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

SAUDADES DA MINHA BARRA




No carro, numa grande avenida, vislumbro o céu. Céu azul, um azul desconcertante, límpido, deslumbrante que me atrai e me remete a uma paisagem distante, pura, virgem, intocada, que contrasta com o que posso ver a minha frente – asfalto, mato seco e empoeirado de um barro vermelho, papéis amassados, muitos. Ao lado, o que outrora foi um riacho, insiste insiste em correr uma água limpa a olho nu, emoldurada por mato e solo barrento, salpicados por sacos de lixo, papéis, pedras e gravetos. Mais uma vez, destoando de todo o cenário, uma garça. Branquinha, linda, ingênua, refresca seu corpo, esbelto naquela água. Parecem cenas de um jogo de absurdo. Como podem, céu e garça, lindos, limpos, intocados, pertencer àquela paisagem já quase urbana, desordenada, com estradas sendo abertas a tratores, obras, grandes construções sendo erguidas, tráfico intenso.

Cheiro de gasolina, náuseas, a Kombi acelera e frea em meio às curvas da estrada sinuosa, estreita, úmida e cercada pela mata cerrada. Quase não se pode ver o céu e o sol, que desponta pelas nesgas das folhas verde escuras das altas árvores. Lá fora, o cheiro de mato molhado é convidativo para uma parada. Ali, fora o cheiro de gasolina, a natureza imperava: mata fechada, pássaros, insetos, cheiro de verde, sombra e sol. Rezo para chegarmos logo. Avistei a lagoa, o cheiro do mar já anunciara sua presença.

Era naquela lagoa que costumávamos vir á noite. Papai gostava de pescar siris. Trazíamos umas cadeiras, cobertores, baldes e puçás. Passávamos a noite ali, sentadas, brincando na areia cinza da beira da lagoa enquanto papai ia sumindo dentro d’água. Ficava com água na cintura. Ali, jogava um puçá, voltava, ia, jogava outro, voltava, verificava se havia algum siri nos outros puçás, e assim varávamos a noite até a madrugada. O frio fazia com que nos enrolássemos nos cobertores e nos encolhêssemos nas cadeiras. Mas não reclamávamos. Gostávamos! E adorávamos comer os sanduíches que a mamãe preparava. Torcia para que a hora do lanche chegasse logo! Lembro-me do famoso patê de sardinha.

Mais uns poucos quilômetros e já estaríamos na praia. Chegamos ao fim da linha. Saltamos e caminhamos por um beco. A areia grossa, cheia de conchas quebradas machuca meus pés ainda finos. O maiô de pano estampado feito pela mãe já é pequeno para o meu corpo que cisma em crescer rápido demais. No fim do beco, uma fila de pessoas que aguardavam a vez, a lagoa e alguns barquinhos rasos disponíveis para a travessia. O sol já queimava nossos rostos e o dia prometia. Mamãe trouxera sanduíches e frutas para o pic- nic e o dia na praia me faria esquecer daquele cheiro horrível de gasolina que me provocava náuseas.

Nossa parada era o quebra – mar. Lá podíamos brincar na água que oferecia pouco perigo e mamãe e papai podiam se distrair na areia. Não lembro bem o que faziam, mas eu adorava o mar, a praia. Adorava ver aquelas dunas de areia abundantes, branquinhas, enormes, ao longo de toda a orla ornamentada com aquelas plantas rasteiras, diferentes, que só podiam sobreviver ali. E os tatuís! Era uma festa ver tantos tatuís correndo pela areia branquinha.

Chegou a nossa vez, entramos no barco, que já na água, balançava pra lá e pra cá, com o peso de nossos corpos. Fazíamos uma corrente até que o primeiro que entrara pudesse se sentar. Depois de todos acomodados, o homem remava fortemente, fazendo o barco deslizar por aquelas águas calmas, transparentes, que nos instigava a procurar peixinhos.

Era final da década de sessenta. A então Avenida Airton Senna, antiga Alvorada, acabara de ser aberta. Não passava de uma estrada de barro, esburacada, com dunas de areia de um lado e de outro, cortada por lagoas que podiam ser atravessadas por precárias pontes de madeira... falavam que iria ser asfaltada em breve, mas quem acreditava? Mas ela livrava-me das curvas estonteantes da estrada antiga. Passávamos por ela quando éramos convidados de nossos vizinhos. Eles tinham carro! Uma Kombi! Tirando a parte que vocês já sabem, que odeio cheiro de gasolina. A viagem era uma festa! Eram cinco crianças e cinco adultos no carro. Às vezes íamos a Prainha. Era lá que o seu Waldir nos ensinava a mergulhar e a nadar. Pulávamos das pedras, mergulhávamos, nadávamos. Eu sempre engolia água. Mesmo tampando o nariz, não conseguia e ainda não consigo mergulhar sem engolir água. Sou um desastre na água! Mas não deixava de me divertir. Como eu gostava de ir ao canal. Aquela era uma oportunidade única de aprender a nadar!

Hoje, a Barra mudou e já não acho graça em mergulhar tapando o nariz, muito menos, sem tapá-lo. Também não enjoo mais. Não há mais a estrada velha. As curvas foram modificadas e ao longo dela surgiram comunidades. Uma delas é famosa: Rio das Pedras. E avenida Airton Senna, esta, já não é mais de barro. Já é de asfalto. É esta com o céu azul que contrasta com todo o resto, exceto pela garça.