Numa sala de aula, o professor explica à seus alunos a diferença entre os modos de agir dos povos ocidentais e daqueles criados longe dessa cultura, como o índio, o africano e mesmo o povo brasileiro que vive longe das cidades e da escola.
- O Europeu, explica ele, é diferente do brasileiro, do povo brasileiro, da massa. O Europeu lê o jornal pra ele. O brasileiro pega o jornal, senta na sala e... mal começa a leitura, já está comunicando à todos as principais manchetes. Não satisfeito em comunicar, ainda comenta. E ai de quem não prestar atenção! Interrompe a novela, o filme, a mulher que está na cozinha... ele envolve toda a casa em sua leitura! A carapuça cai como uma luva. Sentada na sala, eu me lembro de, ao ler uma notícia, chamar filhos, marido, mãe:
- Tá vendo, filho? pergunto eu, num tom um pouco mais alto, ao filho que está no quarto, e continuo: - Olha essa menina que foi assaltada.... estava de madrugada na rua... depois, dirigindo-me ao meu marido que dividia a sala comigo: “ - Nossa, mô! Olha que pulseira linda!” E, imediatamente após, divido com a mãe que está na cozinha: - Mãe, viu essa receita de lasanha de berinjela? As falas são quase o reflexo do pensamento... não esperam muito por respostas. Apenas soam como eco...
- O Europeu, continua ele, lê as histórias para os seus filhos.... nós, fazemos teatro. Ao contar a história do “Chapeuzinho Vermelho” sendo comida pelo Lobo Mau, fazemos um bocão que quase engolimos a criança.... Nessa hora vi-me contando histórias para os meus alunos... imaginei meus olhos ARREGALADOS, minha boca BEM ABERTA e toda a minha expressão para relatar a cena! e que esforço fazia para ser bem sucedida! nesse momento fiquei em dúvida... sempre acreditei que o fato de contar uma história expressivamente contribuía para aproximar o ouvinte do texto. De repente me deparo com um outro paradigma: um texto é para ser lido!
Ele continua dizendo que nos apropriamos da leitura e da escrita de um modo muito peculiar... escrevemos como falamos! Sim, penso comigo mesmo, posso ver isso nos textos dos alunos pequenos... .quando o aluno escreve: “e ae rapa, cê ta bom?” Ele emprega regras da linguagem oral, ignorando que existem regras próprias para a língua escrita. Mas ele continua... não são só as crianças que fazem isso! Os adultos também! A certeza com que falava fazia com que eu procurasse em minhas lembranças exemplos que comprovassem sua fala. Sim, claro. Meus alunos da faculdade! Eles também fazem isso. Ao longo do texto não deixam claro as pessoas que falam, usam gírias e palavras de uso oral em textos acadêmicos e desconsideram a ortografia das palavras. E também quando a professora repete exautivamente a palavra “TO-MA-TÊ” enfatizando o ê no final da palavra, a crença dela é que a gente escreve como se fala e ensina isso para as crianças que se habituam a fazer a correspondência fonética entre fala e escrita... mas nem sempre isso funciona, simplesmente por que não escrevemos como falamos.
Por último, ele aborda a questão do planejamento. “ O europeu planeja tudo! Já o brasileiro não sabe planejar... trabalha sempre com o aqui e agora... Mas, também tem uma coisa, se alguma coisa dá errada, o europeu não sabe o que fazer... já o brasileiro, é mestre em dar jeitinhos... o famoso jeitinho brasileiro.” Nossa! Não é que é verdade? Pelo menos do ponto de vista dos brasileiros... penso eu. Nós estamos sempre atrasados, nós os brasileiros, de um modo geral, mas não eu! Eu odeio chegar atrasada e odeio esperar por alguém mais do que dez, quinze minutos. Isso é um problema de planejamento! Fico pensando nas festas, nas escolas, nas empresas... a gente sempre pode observar um aspecto em que o planejamento falhou ou está falhando...Em matéria de teoria o que não falta são publicações sobre o tema até porque é de suma importância. Nas empresas é chamado de planejamento estratégico. Nas escolas de Projeto Político Pedagógico e por aí vai.
Mas o que não podemos negar, e é neste aspecto que o professor em questão tem seu mérito, é que o povo brasileiro, ao se constituir as margens da cultura acadêmica, desenvolveu um tipo de pensamento muito peculiar, diferente do pensamento científico, e que ainda é necessária muita pesquisa para dar conta de entender o pensamento desse povo maravilhoso que tem suas bases ancoradas na oralidade, musicalidade, ritmo e um fazer artesanal dos negros, índios e europeus.
Ele continua dizendo que nos apropriamos da leitura e da escrita de um modo muito peculiar... escrevemos como falamos! Sim, penso comigo mesmo, posso ver isso nos textos dos alunos pequenos... .quando o aluno escreve: “e ae rapa, cê ta bom?” Ele emprega regras da linguagem oral, ignorando que existem regras próprias para a língua escrita. Mas ele continua... não são só as crianças que fazem isso! Os adultos também! A certeza com que falava fazia com que eu procurasse em minhas lembranças exemplos que comprovassem sua fala. Sim, claro. Meus alunos da faculdade! Eles também fazem isso. Ao longo do texto não deixam claro as pessoas que falam, usam gírias e palavras de uso oral em textos acadêmicos e desconsideram a ortografia das palavras. E também quando a professora repete exautivamente a palavra “TO-MA-TÊ” enfatizando o ê no final da palavra, a crença dela é que a gente escreve como se fala e ensina isso para as crianças que se habituam a fazer a correspondência fonética entre fala e escrita... mas nem sempre isso funciona, simplesmente por que não escrevemos como falamos.
Por último, ele aborda a questão do planejamento. “ O europeu planeja tudo! Já o brasileiro não sabe planejar... trabalha sempre com o aqui e agora... Mas, também tem uma coisa, se alguma coisa dá errada, o europeu não sabe o que fazer... já o brasileiro, é mestre em dar jeitinhos... o famoso jeitinho brasileiro.” Nossa! Não é que é verdade? Pelo menos do ponto de vista dos brasileiros... penso eu. Nós estamos sempre atrasados, nós os brasileiros, de um modo geral, mas não eu! Eu odeio chegar atrasada e odeio esperar por alguém mais do que dez, quinze minutos. Isso é um problema de planejamento! Fico pensando nas festas, nas escolas, nas empresas... a gente sempre pode observar um aspecto em que o planejamento falhou ou está falhando...Em matéria de teoria o que não falta são publicações sobre o tema até porque é de suma importância. Nas empresas é chamado de planejamento estratégico. Nas escolas de Projeto Político Pedagógico e por aí vai.
Mas o que não podemos negar, e é neste aspecto que o professor em questão tem seu mérito, é que o povo brasileiro, ao se constituir as margens da cultura acadêmica, desenvolveu um tipo de pensamento muito peculiar, diferente do pensamento científico, e que ainda é necessária muita pesquisa para dar conta de entender o pensamento desse povo maravilhoso que tem suas bases ancoradas na oralidade, musicalidade, ritmo e um fazer artesanal dos negros, índios e europeus.