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Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
Professora, Mestre em Educação, Psicopedagoga, Especialista em Avaliação Educacional. Atualmente, ministra palestras sobre LEITURA E INTELIGÊNCIA, também escreve material de língua portuguesa EAD para o CCAA e para a EDUCOPÉDIA.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Criança


Criança
Ainda posso ver-te.
Olhando bem atentamente...
As linhas do meu rosto
Tão sutis...
Tão macio
Que quase posso senti-lo.
Fecho os olhos
E me encontro
De novo naquele corpo
Naquela roupa
Daquela idade
Quase posso ver meu vestido rodar,
E sentir o frescor do vento em meu rosto...
Rodopiando, rodopiando...
Minha cabeça gira, gira...
Já parada, suada,
Acordo.
Ainda sou eu.


10/07/2008

domingo, 19 de abril de 2009

Suzan Boyle


Nesta época de Páscoa, vimos embalagens maravilhosas de ovos de Páscoa, bombons, chocolates. Somos seduzidos pelos papéis metalizados, coloridos e pelos laços de fitas belíssimos que embalam os chocolates. Nosso desejo é quase irresistível frente a tanta beleza. Nem sempre conseguimos pensar se o chocolate é bom...

Acontece também com roupas. O apelo visual é tamanho que nem sempre observamos o acabamento. É certo que está meio fora de moda: as bainhas não existem mais em roupas mais descoladas, deixando à vista o que antes tentava se esconder... É certo também que para vender a roupa, há todo um aparato: fabrica-se um ideal de beleza. Assim, ao vermos a roupa, imediatamente somos compelidos a desejá-la: linda, elegante, chique, cheirosa. Sim, as lojas também apelam para o olfato. Você fica querendo entrar na loja para sentir aquele delicioso aroma...

Desejamos possuir ou somos possuídos pelas lindas vitrines dos Shoppings? Paramos frente à vitrine por instantes e imaginamo-nos naquela roupa, com aquele corpo: esbelto, jovial, atraente. É possível até pensar quando vamos vestir o modelito! Num repente, entramos e compramos a roupa. Podemos ver-nos passeando com o traje, andar altivo, pé ante-pé, sendo admirada e desejada por todos. Todos têm que seduzir! Quem nunca teve um ataque de culpa no dia seguinte por ter gasto um dinheiro num gesto precipitado?

Mas pasmem... o pior é que, se você não teve o cuidado de escolher uma roupa clássica, sua roupinha tem os dias contados: dois, três meses. Se não for porque já saiu de moda, será porque desbotou, descosturou, rasgou... nada é feito para durar!

E as papelarias? Meu Deus! É cada caixinha, papelzinho, canetinha, lapisinho, cartãozinho, que enlouquece qualquer um. Novamente devemos desconfiar da qualidade. Na maioria das vezes os lápis mais enfeitados são os piores...
Isso sem falar das lojas de um e noventa e nove! Tudo o que você não precisa está ali para ser adquirido sem culpa, durar um semana e ir parar no cesto de lixo.

Mas há o lado positivo. Não podemos negar o quanto é lúdico observar lojas. Por algumas horas conseguimos nos esquecer dos problemas do dia a dia: do trânsito infernal, das horas em pé nos ônibus, da preocupação com a bolsa, das compras no supermercado, da falta de dinheiro, da falta de trabalho, da reclamação do marido,dos choramingos dos filhos.
Tao lúdico quanto, é ver novelas... num e noutro vamos sendo seduzidos pelas imagens que rapidamente passam pela nossa frente. Não há escolhas uma vez que se resolve olhar... Olha-se por deleite, não queremos pensar... mas algo está acontecendo... não temos a consciência do que está acontecendo... em que estamos nos tornando...mas algo está sendo modificado. E seguimos a vida assim, deixando-nos enganar pelas embalagens, pelas cores, pelos aromas, por aquilo que corre na superfície.

Aconteceu com Susan Boyle. Foi vítima do pré-conceito. Queriam a embalagem sarada, delineada. A escova progressiva, o vestido da moda, o andar elegante. Nada disso aconteceu. Foi preciso radicalizar. E ela o fez. Radicalizou esplendidamente! Foi preciso chocar para que o mundo pudesse ouvi-la. Sorte dela que pode! Coitado de quem não pode. Perde. Mas perde também a sociedade! Uma sociedade que se deixa enganar pelas embalagens, por roupas, caixinhas, moda e novela, está perdida!